terça-feira, 18 de maio de 2010

Cinema: A Hora do Pesadelo

Alguns dos últimos remakes e reboots (note: remake é a refilmagem de um filme, ou seja, a atualização da história e reboot é a reorganização de um filme, ou seja, se cria uma nova história a partir da original) que tem aparecido no mercado cinematográfico nos últimos anos são de autoria da Platinum Dunes, empresa de produção criada principalmente por Michael Bay.

Dentre as produções da PD, alguns filmes foram bem aceitos, tanto pela crítica quanto pelo público. A exemplo disso, filmes como o primeiro remake de O Massacre da Serra Elétrica e o recente reboot de Sexta Feira 13. Já outros títulos desagradaram, como o remake de Horror em Amityville.

Semana passada, chegou aqui no Brasil mais um reboot de autoria da PD, A Hora do Pesadelo. Assisti ontem o filme e vou escrever minha review :D


Li em muitos lugares críticas desfavoráveis ao filme. Muita gente não gostou, afirmando que desfiguraram (como se pudesse desfigurar mais) o Freddy. Acontece que o filme tenta dar um realismo ao personagem, tanto quanto o possível para um ser queimado que habitua o sono das pessoas e as mata no “mundo dos pesadelos”. A meu ver, essa humanização é necessária para o mercado cinematográfico atual. Hoje mesmo no twitter um amigo meu dizia querer muito assistir o filme porque “dá medo e mesmo tempo eu rio muito”. A imagem que todos tinham do antigo Freddy era aquele masoquista maluco que faz piadas a todo momento. Culpa disso é das inúmeras continuações, porque no original de 84 de Wes Craven, Freddy é só um masoquista maluco mesmo. A última expressão que foi dada ao mundo do personagem foi no sofrível Freddy vs Jason, no qual a ridicularização do ícone do horror foi extrema. Talvez esse choque entre a última imagem do Freddy com a “rebootada”, que é muito mais sóbria, tenha causado certo desconforto. As únicas piadas que Freddy faz no filme são repugnantes e a expressão de ódio e luxúria é constante na sua face.

O impacto da mudança do personagem principal é grande, pois o filme em si é bem amarrado e explicado. Não tem as revira-voltas clichês do gênero, a fotografia é impecável e o posicionamento de câmeras perfeito.

Se comparado ao original, o reboot ganha nas explicações. O filme de 84 peca ao não fazer uma ligação concreta entre as cenas e ainda por não explicar os motivos de Freddy e o porquê das vítimas serem aquelas. Além do final e as cenas que envolvem camas serem completamente non-sense até pra uma produção de 1980 bolinhas. Mas no original o suspense em torno do sono é maior. Nunca se sabe quando o personagem está de fato dormindo, atmosfera pouco aproveitada no reboot. Outra característica que pode ser notada é a mudança do foco do filme. O original gira em torno da Nancy e o filme de 2010 foca o Freddy em si. Talvez seja por isso a diferença das Nancys, a personagem do filme de 84 se mostra muito mais “esforçada” e desesperada.

Comparando A Hora do Pesadelo com o último reboot feito pela PD, Sexta Feira 13, Freddy ganha em disparado. O ritmo e a história do filme do Jason são bem inferiores, não sei como esse filme foi mais bem aceito. Sem contar que as atuações no filme que se passa em Elm Street são bem melhores do que aquelas no que se passa em Crystal Lake. Katie Cassidy (Kris) está impecável e o seu semblante de desespero é super convincente. Até Thomas Dekker (Jesse), que é inexpressívo em Heroes e Terminator, tem uma atuação boa. Mas o grande destaque é Jackie Earle Haley (Freddy).

Enfim, o que falta para o público gostar desse reboot de A Hora do Pesadelo é esquecer os antigos e encarar como uma nova experiência. Esse novo Freddy se mostra mais complexo, mais sombrio, mais raivoso e mais humano e o seu crime está mais atual do que nunca. Talvez seja esse o empecilho que encontrem, não querem encarar o Freddy como o maníaco que ele é e sim como o vilão trash que as inúmeras continuações o tornaram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário